A AFCI - Associação e Formação em Cuidados Intensivos criada em 30 de Outubro de 2006 com o objectivo de promover e realizar cursos e conferências, simpósios, seminários, sessões monotemáticas e congressos sobre matéria de interesse profissional e outras actividades que visem o aperfeiçoamento cientifico e cultural dos seus associados e ainda a realização e divulgação de material pedagógico na área cientifica da associação, bem como o apoio e formação da investigação clínica e cientifica na sua área.
Veio assim no passado dia 06 de Novembro de 2009, a realizar mais um evento com carácter formativo: O III Simpósio de Cuidados Intensivos.
Teve como tema: «Humanização em Cuidados Intensivos».
A organização (AFCI) muito fez para que o mesmo viesse a ser como habitualmente um espaço ao debate de assuntos polémicos sendo objectivo da organização que todos os profissionais partilhem experiências de forma a aumentar as competências e capacidades de resposta às exigências profissionais e humanas na nossa prática.
Tal objectivo veio a concretizar-se, dada a participação activa dos participantes.
O Simpósio decorreu durante um dia repartido em três mesas, como temas:
Resolvemos organizar as sessões abordando a humanização de uma forma lata: o que é humanizar, qual a importância e seguidamente falar de 3 aspectos que consideramos fundamentais na humanização, que foram abordados em 3 mesas redondas abertas ao debate.
1ª Mesa - Importância da presença da família
O Prof. Filipe Almeida foi o 1º palestrante abordando humanização de forma global salientado aspectos éticos como autonomia e justiça, e, aspectos científicos como a formação, educação, sofrimento, dor e por fim a desumanização presente no acto de cuidar.
Falou ainda no conceito de saúde/doença que varia conforme a etapa de vida ou estádio da doença em que se encontra, devendo os profissionais estar devidamente preparados para ajudar a pessoa a aceitar a sua fase de vida.
Fez referência ao investimento do Hospital de S.João no desenvolvimento da humanização realçando o bom desempenho dos profissionais.
O Enf.º Nelson sobre a importância da presença da família em cuidados intensivos, abordando as temáticas tecnologia, cuidar, tomada de decisão.
Falou na importância de trabalhar em parceria com a família/prestador de cuidados.
Acolhimento à família informando da situação do doente e preparando-a para a realidade com que se vai deparar.
Apoiar e confortar a família envolvendo-a na prestação de cuidados.
Referiu a perspectiva da família que se manifesta por:
· Sentimento de abandono.
· Vulnerabilidade.
· Insignificância.
A perspectiva dos Enf.
· Dificuldade dos profissionais em envolver a família nos cuidados, por falta de segurança e inexperiência.
Fez ainda referência para a importância de identificar o prestador de cuidados desde o inicio do internamento, que pode ou não ser um familiar, salientando que este deve ser o elo de ligação entre os profissionais de saúde (família/doente.
2ª Mesa – HORÁRIO DE VISITAS EM CUIDADOS INTENSIVOS
Ø Esta segunda mesa foi aberta pela Enfª Catherine Gonçalves da UCIP Geral do H. S. João, mostrando uma perspectiva geral da importância da flexibilidade do horário de visitas numa perspectiva dos enfermeiros desse serviço e dos familiares dos doentes. Mostrou-nos um modelo bastante limitado em termos de horário, mas segundo as opiniões recolhidas no seu inquérito, o tempo de visita não seria o mais valorizado pelos familiares nem pelos enfermeiros mas sim a qualidade da informação dada. Concluindo que experiências de visitas em regime aberto 24h demonstram aceitação favorável da família, com indução de desconforto moderado na equipa de saúde, particularmente na de enfermagem, pelo constante interromper dos cuidados.
Esta ideia foi reforçada pela Enfermeira Sónia -------- da UCIP do H Pedro Hispano que apresentando um modelo mais flexível de horário de visita, chega ás mesmas conclusões
3ª Mesa – DADOR DE ORGÃOS COMO COMUNICAR Á FAMILIA
Tema apresentado pela Enf.ª Cristiana Lema da unidade de cuidados intensivos de pediatria e pelo Enf.º Eduardo da equipa de transplantes de órgãos, ambos do H.S.J.
Os assuntos abordaram aspectos éticos, legais que envolveram o tema.
A Enf.ª Cristiana referiu que na UCIP as informações sobre irreversibilidade da situação ou morte cerebral e doação de órgãos são dadas apenas pelo médico da unidade.
Na nossa opinião a comunicação à família deve ser feita por uma equipa multidisciplinar.
Conclui-se que as más noticias devem ser dados por equipa multidisciplinar (médico, Enf.º, psicólogo, assistente social), sendo o Enf.º o elemento da equipa de saúde que está em maior contacto com doente/ família, deve fazer parte integrante dessa equipa.
CONCLUSÕES
Este evento foi bem aceite pela comunidade científica que se reflectiu na participação, tanto pela presença dos profissionais de saúde como pela sua intervenção nos debates, demonstrando a pertinência dos temas pelo entusiasmo na partilha de informação acerca da realidade de cada um.
Apesar de já muito estar a ser feito pela humanização é necessário preparar cada vez mais e melhor os profissionais de saúde para esta temática, devendo esta preparação iniciar-se nas escolas e através de acções de sensibilização/formação no decurso da vida profissional.